sábado, 21 de julho de 2012
quarta-feira, 4 de julho de 2012
Erica Jong
Trecho de "Medo de voar"
“Não existe
meio de sair da mente?”, indaga Sylvia Plath em um de seus últimos poemas
desesperados. Se eu estava aprisionada, era por meus próprios receios. Motivando
tudo aquilo existia o terror de estar sozinha. Ás vezes parecia que me prestava
fazer qualquer acordo, tolerar qualquer ignomínia, ficar com qualquer homem, só
para não ficar sozinha. Mas por quê? O que era tão terrível em estar só? Procure pensar nos motivos, dizia a mim mesma. Procure:
Eu: - Por
que é tão terrível estar só?
Eu: -
Porque se nenhum homem me ama, não tenho identidade.
Eu: - Mas
isso, evidentemente, não é verdade. Você escreve, as pessoas lêem seu trabalho
e ele tem importância para elas. Você leciona, seus estudantes precisam de você
e se importam com você. Você tem amigos que a amam. Até seus pais e irmãs a
amam – a seu modo singular.
Eu: - Nada
disso diminui minha solidão um só milímetro. Não tenho homem. Não tenho filho.
Eu: - Mas
você sabe que os filhos não são antídoto para a solidão.
Eu: - Sei.
Eu: - E você
sabe que os filhos só pertencem temporariamente aos pais.
Eu: - Sei.
Eu: - E
você sabe que os homens e as mulheres jamais poderão possuir-se, uns aos
outros, por completo.
Eu: - Sei.
Eu: - E
você sabe que detestaria ter um homem que a possuísse por completo e usasse o
seu espaço mínimo de respirar...
Eu: - Sei... mas anseio desesperadamente por isso.
Eu: - Mas
se você o conseguisse, ia sentir se presa.
Eu: - Sei.
Eu: - Você
quer coisas contraditórias.
Eu: - Sei.
Eu: - Você
quer liberdade e quer também proximidade.
Eu: - Sei.
Eu: - Pouquíssimas
pessoas encontram isso.
Eu: - Sei.
Eu: - Por
que esperar ser feliz quando a maioria das pessoas não é?
Eu: - Não
sei. Sei, apenas, que se parar de contar com o amor, parar de esperá-lo, parar
de procurá-lo, minha vida vai ficar tão vazia quanto um seio canceroso, depois
da extração cirúrgica. Eu me nutro dessa expectativa. Alimento-me dela. Ela me
mantém viva.
[...]
segunda-feira, 2 de julho de 2012
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