quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Os três 'S'

Satis, Saudades e Su

Com pouco dinheiro contávamos moedas.
R$ 0,50 no pastel;
R$ 1,00 na esfiha.
Nos encontrávamos na praça, falávamos sobre um autor ou outro, então íamos até o satis:
R$ 5,50 no litrão de Brahma.
Sabíamos o valor de tudo. O valor das coisas que podíamos comprar e o valor das coisas que não comprávamos, como a futilidade de outras pessoas que nós debochávamos.
A cidade é de quem vê as luzes a noite.
Não sabíamos o valor da nossa amizade. O copo esvaziava, o dinheiro acabava e nós estávamos lá esperando o bar fechar. Não tínhamos nada. Nos pesávamos e sempre queríamos ser mais gordas, sempre querendo algo além dos becos escuros, mas esses eu suponho que eram interiores... os lugares escuros que encondemos dentro de nós, os buracos escuros dos nossos olhos. Perseguíamos as faíscas, mas não nos conformávamos com migalhas.
Um vazio sincero que a gente tentava preencher com um universo de letras, músicas, imagens e exercícios com tecidos.
Não sabemos o valor das nossas amizades, escrever é uma forma de tentar contar, como fazíamos com as moedas

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